terça-feira, 21 de novembro de 2023

O processo terapêutico na Psicanálise Clínica


        

O processo terapêutico na psicanálise, conforme descrito, destaca-se como uma jornada complexa e individualizada, iniciada quando o paciente procura ajuda psicológica para enfrentar conflitos internos, traumas ou problemas emocionais. A primeira consulta, crucial nesse percurso, envolve a compreensão das motivações do paciente para iniciar a terapia, a identificação de conflitos primordiais e o estabelecimento da relação terapêutica.

        Ao adentrar o cerne do processo terapêutico, observamos a importância da comunicação entre paciente e psicanalista. O método da "associação livre" oferece um espaço singular em que o paciente é encorajado a expressar livremente seus pensamentos, emoções e comportamentos, sem as restrições da censura ou da necessidade de agradar o terapeuta. Esse processo facilita o acesso a conteúdos inconscientes, permitindo uma exploração mais profunda dos conflitos internos.

        É pertinente ressaltar que, à medida que o processo avança, o psicanalista desempenha um papel crucial na interpretação e compreensão dos conteúdos emergentes na fala do paciente. A identificação de padrões repetitivos de pensamento e comportamento é uma fase essencial, proporcionando insights valiosos que servem como base para a promoção da mudança e do crescimento pessoal.

        As etapas do processo terapêutico na psicanálise são delineadas de maneira clara, destacando a unicidade de cada experiência terapêutica. O estabelecimento da relação terapêutica inaugura o processo, criando um ambiente seguro e propício à expressão franca. A exploração dos conflitos internos, realizada mediante a "associação livre", é central para a identificação e compreensão desses conflitos.

        A fase subsequente, dedicada à identificação de padrões repetitivos, revela-se como uma peça-chave na compreensão dos mecanismos psíquicos do paciente. Essa análise profunda constitui a base para a última etapa, na qual o psicanalista orienta o paciente na promoção efetiva de mudanças e crescimento pessoal, muitas vezes envolvendo a reconstrução do passado.

        No contexto da psicanálise, as contribuições de Donald Winnicott, renomado psicanalista britânico, acrescentam nuances significativas ao entendimento do processo terapêutico. Winnicott enfatiza a importância do ambiente facilitador, representado pelo psicanalista, na promoção do desenvolvimento saudável do self. Seu conceito de "objeto transicional" destaca a relevância da relação terapêutica como um espaço intermediário, onde o paciente pode explorar e integrar aspectos dissociados de si mesmo.

        Em conclusão, o processo terapêutico na psicanálise, enriquecido pelos aportes de Winnicott, emerge como uma jornada única e profunda, permeada pela livre expressão, interpretação cuidadosa e orientação para a mudança. Cada etapa desvela-se como um passo essencial na compreensão e transformação dos conflitos internos, refletindo a complexidade da psique humana.


Psicanalista e Psicólogo Alessander Capalbo


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sábado, 18 de novembro de 2023

O início de um novo ciclo : Alessander Capalbo

         


        Numa jornada repleta de reviravoltas e descobertas, permito-me expressar uma profunda gratidão por cada momento da minha história. À luz das palavras inspiradoras do Papa Francisco, recordo-me de que carrego comigo a riqueza e o peso da minha própria narrativa, única e irrepetível. Cada alegria e cada sofrimento desdobram-se sob o olhar misericordioso de Deus, que tece uma trama divina em meio às complexidades da minha existência (Misericórdia et misera, 14).

        Assim como a grande Chiara Lubich (Fundadora dos Focolares) sabiamente comparou-nos a instrumentos nas mãos de Deus, reconheço que, quando Ele assumiu o papel de artífice na minha vida, eu era como a caneta, o pincel e o cinzel, sem saber exatamente o que deveria ser escrito, pintado ou esculpido. Tornei-me um instrumento nas mãos do Criador, confiando no Seu plano para manifestar uma obra única nos diversos caminhos da Igreja.

        Em cada desafio, em cada curva do caminho, compreendi que, nesta vida, nada se perde. Cada experiência, seja ela uma vitória ou um aprendizado, contribuiu para a minha jornada de crescimento. Recordo-me das palavras sábias de que não há perdas, apenas ganhos ou aprendizados. Cada momento, cada encontro, cada obstáculo, revelou-se uma oportunidade de evoluir e compreender mais sobre mim mesmo e sobre o propósito que Deus reservou para mim.

        Assim, agradeço pelas bênçãos disfarçadas, pelos obstáculos que me fizeram mais forte, e pelas vitórias que me mostraram a recompensa da perseverança. Cada passo, cada desafio, é parte integrante de uma jornada que não é por acaso. Agradeço pelo privilégio de ser um instrumento nas mãos de Deus, guiado pela Sua sabedoria e amor. Que a gratidão permeie cada fibra do meu ser, enquanto sigo adiante com confiança no propósito divino que continua a se desenrolar diante de mim.


Alessander Carregari Capalbo

18/11/2023

quarta-feira, 15 de novembro de 2023




 "O Sentido da Vida", de Contardo Calligaris, é mais do que um livro; é uma jornada introspectiva que nos convida a explorar o intricado labirinto da existência. No cerne da obra, o autor tece reflexões profundas que desafiam a superficialidade da vida cotidiana, fazendo-nos confrontar questões fundamentais. São eles:

  

Quem sou eu?  

Essa indagação reverbera profundamente, instigando-nos a explorar as camadas mais íntimas de nossa identidade, para além das fachadas sociais que muitas vezes adornam nossa existência. É um convite para desvendar o âmago autêntico que molda a essência singular de cada indivíduo.

Diante dessa provocação existencial, somos desafiados a transcender as superficialidades que a sociedade muitas vezes impõe, a fim de mergulhar nas complexidades intrínsecas que constituem quem realmente somos. É uma jornada rumo à descoberta pessoal, um processo que demanda autoconsciência e reflexão profunda.

Ao questionar nossa própria identidade, somos levados a considerar não apenas os papéis que desempenhamos no palco da vida, mas também a essência que persiste quando as cortinas se fecham. Quais são nossos valores fundamentais? Quais são os pilares que sustentam nossa autenticidade, independentemente das expectativas externas?

A busca pela resposta transcende as convenções sociais e nos conduz a uma viagem interior, onde confrontamos nossos medos, desejos e aspirações mais genuínos. É um processo de autoaceitação e autoconhecimento, onde abraçamos as diversas facetas de nossa personalidade, reconhecendo que somos seres em constante evolução.

Assim, ao nos depararmos com a questão "Quem sou eu?", somos desafiados não apenas a entender nossa identidade no contexto social, mas também a abraçar a complexidade única que nos define. É uma jornada de autodescoberta que enriquece nossa compreensão de nós mesmos, permitindo-nos viver de maneira mais alinhada com nossa verdadeira essência.

 

O que é a felicidade para mim?

A indagação "O que é a felicidade para mim?" representa um convite profundo à autorreflexão, instigando-nos a mergulhar nas águas da subjetividade que cercam esse estado de espírito tão essencial. É uma oportunidade para desvendar as intricadas camadas que compõem nossa própria definição de contentamento, afastando-nos das imposições externas que frequentemente moldam conceitos convencionais.

Ao nos questionarmos sobre a natureza da felicidade em nossas vidas, somos desafiados a examinar os critérios que verdadeiramente permeiam nosso senso de realização pessoal. Distanciando-nos das expectativas externas, começamos a compreender que a felicidade é uma experiência única e altamente individualizada, cujas raízes se entrelaçam com nossas percepções internas, desejos profundos e valores essenciais.

A busca pela felicidade transcende as narrativas padronizadas e nos leva a uma jornada de autoconhecimento, onde confrontamos nossas próprias necessidades, aspirações e paixões. Cada um de nós é um arquiteto de nossa própria satisfação, e essa busca íntima não se limita a seguir um caminho pré-determinado, mas sim a desbravar trilhas singulares que ressoam conosco de maneira autêntica.

Na análise pessoal da felicidade, descobrimos que ela não é um destino fixo, mas sim um processo contínuo de crescimento e autenticidade. Ao desprendermo-nos das expectativas externas, somos capacitados a abraçar os momentos de alegria efêmera, os desafios que moldam nossa resiliência e os pequenos prazeres que pontuam nossa jornada única.

Portanto, ao indagarmos "O que é a felicidade para mim?", abrimos as portas para uma exploração íntima de nossas próprias emoções e valores. É um convite para esculpir nossa própria narrativa de contentamento, reconhecendo que a verdadeira felicidade é uma expressão singular, emanando das profundezas de quem somos e do que valorizamos em nossa jornada de vida.

 

Como lido com o sofrimento e a perda?

Como encaro o sofrimento e a perda? Num universo em que a dor se revela inevitável, esta pergunta propõe uma profunda introspecção sobre as estratégias que empregamos para confrontar a adversidade, desvendando assim a força intrínseca da resiliência e da compreensão.

Em meio às vicissitudes da vida, somos confrontados com desafios inesperados e a inevitabilidade de enfrentar a dor. A perda, seja ela de entes queridos, oportunidades ou sonhos, torna-se uma parte inescapável de nossa jornada. Nesse contexto, a reflexão sobre como lidamos com o sofrimento revela-se crucial.

O questionamento nos instiga a examinar nossas estratégias diante da adversidade, nos instiga a explorar as múltiplas dimensões da resiliência. A resiliência não é apenas a capacidade de se recuperar, mas também a habilidade de adaptar-se, aprender com as experiências dolorosas e emergir fortalecido. É um convite à autorreflexão sobre como nossas experiências mais difíceis moldam não apenas nossa resistência, mas também nossa compreensão do mundo e de nós mesmos.

Além disso, a compreensão desempenha um papel fundamental na maneira como enfrentamos o sofrimento e a perda. Ao buscar compreender as razões por trás das adversidades, podemos encontrar significado mesmo nas situações mais desafiadoras. A aceitação, aliada à empatia consigo mesmo e com os outros, contribui para um processo de cura mais profundo.

A abordagem do autor nos leva a questionar não apenas como suportamos o sofrimento, mas também como podemos transformar essa experiência em uma fonte de crescimento pessoal. Diante da inevitabilidade da dor, surge a oportunidade de cultivar a resiliência, a compreensão e, por fim, a capacidade de forjar um caminho significativo através das adversidades que encontramos ao longo da vida.

 

O que significa viver com autenticidade?

Viver autenticamente refere-se a viver de acordo com seus próprios valores, crenças e identidade, em vez de conformar-se às expectativas dos outros ou seguir padrões impostos pela sociedade. É um processo de autoconhecimento e aceitação, onde uma pessoa se esforça para compreender quem realmente é e age de maneira congruente com essa compreensão.

Viver autenticamente envolve a coragem de ser verdadeiro consigo mesmo, mesmo que isso signifique ir contra normas sociais ou enfrentar críticas. Isso implica em tomar decisões alinhadas com seus princípios e desejos, em vez de ceder à pressão externa para se conformar a ideias ou comportamentos que não ressoam com a sua verdade interior.


Os pequenos detalhes da vida

A ideia de viver com intensidade os pequenos detalhes da vida em detrimento da busca pela felicidade reflete uma perspectiva filosófica que valoriza a apreciação do momento presente e a atenção aos detalhes cotidianos. Muitas vezes, as pessoas estão tão focadas na busca por grandes realizações ou na consecução de metas específicas que podem perder de vista as experiências simples e significativas que acontecem diariamente.

 

Ao contemplar estas perguntas, "O Sentido da Vida" não apenas nos desafia, mas nos guia a uma autoanálise enriquecedora. Calligaris nos encoraja a buscar um entendimento mais profundo de nós mesmos, a abraçar as complexidades da existência e a construir significado em meio às incertezas. Este livro não apenas nos oferece respostas, mas nos instiga a descobrir nossas próprias verdades em uma jornada única em direção ao sentido da vida.


Psicanalista e Psicólogo Alessander Capalbo


Referencia usada:

“O sentido da vida”, de Contardo Calligaris. Paidós (Editora Planeta).


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terça-feira, 14 de novembro de 2023

Não é apenas terapia; é um investimento em você




Você já parou para refletir sobre o poder que existe dentro de você?

A vida é uma jornada repleta de desafios, e muitas vezes nos deparamos com obstáculos que parecem intransponíveis. A boa notícia é que a terapia é uma ferramenta extraordinária, capaz de desbloquear o potencial interior que todos possuímos. Se você está pronto para uma jornada de autodescoberta e crescimento, a terapia é o caminho.

Autoconfiança e Desenvolvimento Pessoal:

Imagine-se rompendo barreiras autoimpostas, construindo uma autoimagem positiva e desafiando seus limites. A terapia é o espaço seguro onde você pode explorar suas habilidades, reconhecer suas conquistas e cultivar uma autoconfiança inabalável.

Gerenciamento de Emoções e Estresse:

O turbilhão emocional da vida cotidiana pode ser avassalador. A terapia oferece ferramentas para entender, aceitar e gerenciar suas emoções. Transforme o estresse em resiliência, fortaleça sua mente e descubra a calma no caos.

Superar Traumas e Experiências Dolorosas:

Se o passado está deixando cicatrizes em seu presente, a terapia é o lugar onde você pode curar feridas profundas. Supere traumas, liberte-se do peso emocional e construa uma base sólida para um futuro mais saudável.

Conviver com o Medo:

O medo muitas vezes nos paralisa, impedindo-nos de alcançar nosso verdadeiro potencial. Na terapia, você aprenderá a enfrentar o medo de frente, transformando-o em combustível para o crescimento pessoal e profissional.

Livrar-se de Dependências:

Seja a dependência emocional, hábitos prejudiciais ou padrões tóxicos, a terapia é um espaço de libertação. Quebre os grilhões que o prendem e descubra a liberdade de viver uma vida autêntica e independente.

Melhora nos Relacionamentos e Lidar com os Sentimentos:

Os relacionamentos são a essência da vida, mas também podem ser fonte de desafios. A terapia oferece ferramentas para construir relacionamentos saudáveis, comunicar-se eficazmente e lidar com os sentimentos de maneira construtiva.

A Jornada Começa Agora:

Não espere que a vida melhore por conta própria. A terapia é a porta de entrada para a transformação pessoal. Embarque nessa jornada e descubra o poder que existe dentro de você. Seja o arquiteto da sua própria felicidade.

Não é apenas terapia; é um investimento em você.


Psicanalista e Psicólogo Alessander Capalbo


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sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Quem guarda rancor precisa fazer terapia?


 

O rancor é um fenômeno humano comum, e a psicanálise oferece uma perspectiva interessante sobre esse sentimento. De acordo com a teoria psicanalítica, ter sentimentos de rancor é uma reação natural às experiências negativas que enfrentamos. Somos seres em processo, sujeitos a interações complexas e muitas vezes dolorosas em nossa vida. É importante compreender que sentir rancor faz parte da nossa natureza, mas o desafio reside em como lidamos com esse sentimento. Não poderia deixa de citar, que muitas uniões estão chegando ao fim, pelo rancor que corrói o mais profundo do nosso Eu. 

É crucial não permitir que o rancor se enraíze em nossa mente, pois isso pode causar mais danos do que a própria ação que o originou. Quando uma pessoa guarda rancor, ela tende a se apegar à sensação de ter sido injustiçada, o que pode criar um ciclo de ressentimento e amargura. Essa pessoa muitas vezes se convence de que está certa e que a outra parte está errada, o que pode levar à rigidez mental e à falta de compreensão mútua.

O rancor também está frequentemente ligado ao desejo de vingança. A pessoa rancorosa pode alimentar pensamentos de retaliação, o que pode ser prejudicial não apenas para ela mesma, mas também para os outros envolvidos. Esse desejo de vingança pode tornar difícil seguir em frente e viver no presente, pois a pessoa está constantemente presa ao passado.

A psicanálise apresenta que a busca pela felicidade é uma escolha pessoal. Podemos decidir se preferimos continuar a viver com sentimentos negativos, como o rancor, ou se queremos ser felizes e deixar esses sentimentos para trás. É um processo desafiador, mas é possível aprender a perdoar e liberar o rancor em prol da própria saúde mental e bem-estar.

Quando alguém se encontra em um ciclo de rancor persistente e não consegue superá-lo por conta própria, buscar a terapia pode ser uma opção valiosa. Um terapeuta pode ajudar a explorar as raízes do rancor, identificar padrões de pensamento negativos e fornecer ferramentas para superar esses sentimentos de forma saudável. A terapia oferece um espaço seguro para a expressão de emoções e a busca por resolução, promovendo o crescimento pessoal e a paz interior.

Em resumo, o rancor é uma reação humana natural, mas é essencial não permitir que ele se torne uma parte arraigada de nossa mente. A psicanálise nos lembra de que a busca pela felicidade é uma escolha pessoal, e perdoar e liberar o rancor pode ser uma maneira poderosa de viver de forma mais plena e saudável. Quando o rancor se torna um fardo insuportável, a terapia pode ser uma ferramenta valiosa para encontrar um caminho em direção à cura e ao bem-estar emocional.


Psicanalista e Psicólogo Alessander Capalbo


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quarta-feira, 8 de novembro de 2023

A criança não deve ser uma extensão da mãe ou do pai

         


        O processo de individuação, no qual a criança desenvolve um senso de individualidade e separação do mundo externo, é fundamental para o seu crescimento saudável e sua capacidade de estabelecer relacionamentos interpessoais.

A ideia de que a mãe não pode ser vista como uma extensão da criança é um dos conceitos centrais nas teorias de Winnicott. Ele argumenta que, para que uma criança se torne um indivíduo autônomo e seguro, é necessário que ela perceba a mãe como uma figura separada, com seus próprios desejos, necessidades e limites. A capacidade de diferenciar entre o self e o outro é um marco importante no desenvolvimento da identidade da criança.


A questão da não diferenciação, em que a criança se esforça para ser aceita e agradável, mesmo que isso a mantenha insegura, destaca a importância de estabelecer limites saudáveis e fornecer um ambiente de apoio para o desenvolvimento emocional da criança. Pais que não conseguem estabelecer esses limites ou que projetam suas próprias inseguranças na criança podem dificultar o processo de individuação e a capacidade da criança de se diferenciar do mundo exterior.


O momento em que o cordão umbilical simbólico é rompido, representando o início do desenvolvimento do senso de união e separação, é um conceito central na teoria de Winnicott. Esse processo é essencial para que a criança se torne um ser autônomo, com sensações e sentimentos próprios, e não uma extensão dos outros.

Psicanalista e Psicólogo Alessander Capalbo


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terça-feira, 7 de novembro de 2023

Existe uma Relação entre Psicologia e Religião? Existe uma Psicologia Cristã?




Apesar de ter sido padre e ter solicitado minha suspensão do ministério em 2011, que só foi concedida em 2013, continuo sendo um Católico e mantenho minha fé. No entanto, tenho me deparado com certa perplexidade ao ouvir alguns colegas afirmarem: "Sou psicólogo cristão". Isso me leva a questionar o que essa afirmação realmente significa. É possível ser um psicólogo cristão? Ou será que o papel do psicólogo é atender seus pacientes com empatia, sem camadas de preconceito, e estar aberto ao caminho que cada indivíduo escolhe livremente, sem julgamentos?

Inicio este artigo com a afirmação do CFP (Conselho Federal de Psicologia): 

    "Não existe oposição entre Psicologia e religiosidade, pelo contrário, a Psicologia é uma ciência que reconhece que a religiosidade e a fé estão presentes na cultura e participam na constituição da dimensão subjetiva de cada um de nós. A relação dos indivíduos com o “sagrado” pode ser analisada pela(o) psicóloga(o), nunca imposto por ela(e) às pessoas com os quais trabalha."


Minha reflexão parte dessa indagação fundamental: existe uma relação intrínseca entre a Psicologia e a Religião?

A interação entre Psicologia e Religião é um tema complexo e multifacetado que tem intrigado acadêmicos, profissionais da saúde mental e teólogos ao longo dos anos. A relação entre esses dois campos de estudo, apesar de suas diferenças aparentes, é um território fértil para a reflexão, a análise e o diálogo. Este texto científico e analítico busca explorar essa relação sob a perspectiva de uma psicologia laica, plural, dialógica e científica, que valoriza a liberdade de crença e a busca do conhecimento.

  1. Não Existe Oposição entre Psicologia e Religião

A crença de que a Psicologia e a religiosidade são opostas é frequentemente desafiada por acadêmicos e profissionais que reconhecem que a religiosidade e a fé desempenham um papel significativo na cultura e na dimensão subjetiva de cada indivíduo. A Psicologia, como ciência, não busca impor crenças religiosas, mas sim entender como a religião influencia o comportamento humano, as atitudes e os aspectos psicológicos. Assim, a Psicologia pode analisar a relação dos indivíduos com o "sagrado", sem impor suas crenças às pessoas com as quais trabalha.

  1. Psicologia Cristã e Psicologia Laica

A ideia de uma "Psicologia Cristã" levanta questões sobre a influência das crenças religiosas no exercício da Psicologia. Enquanto alguns profissionais podem integrar sua fé na prática da Psicologia, é fundamental que o espaço terapêutico permaneça laico, plural e científico. O terapeuta deve respeitar todas as comunidades de fé e, igualmente, a ausência delas, criando um ambiente em que os pacientes se sintam à vontade para expressar suas crenças, ou a falta delas, sem julgamento.

  1. Religião e Ética na Psicologia

A religião desempenha um papel vital na vida das pessoas, influenciando seus comportamentos, valores e padrões éticos. A Psicologia, por sua vez, é uma ciência que busca compreender o comportamento humano por meio da observação científica. Embora essas abordagens possam parecer divergentes, a religião pode fornecer uma rica fonte de significado e simbolismo que ajuda a entender a personalidade humana. No entanto, é importante ressaltar que a Psicologia não se baseia em crenças religiosas, mas sim na pesquisa empírica e na observação científica.

  1. A Importância da Religião na Compreensão da Personalidade

A religião desempenha um papel essencial na formação da personalidade humana, uma vez que é uma produtora de símbolos e significados. Ela fornece estruturas e orientações éticas que moldam a maneira como as pessoas se relacionam consigo mesmas, com os outros e com o mundo. Ao entender a influência da religião na formação da personalidade, a Psicologia pode fornecer insights valiosos para a compreensão do comportamento humano e a promoção do bem-estar psicológico.

Concluindo, a  relação entre Psicologia e Religião é complexa e multidimensional, e a perspectiva de uma psicologia laica, plural, dialógica e científica é fundamental para manter a integridade de ambas as áreas. A Psicologia não busca impor crenças religiosas, mas sim entender como a religião afeta a mente humana. É importante respeitar a liberdade de crença e criar espaços terapêuticos inclusivos que considerem a diversidade de perspectivas religiosas e não religiosas. Essa abordagem proporciona uma base sólida para a investigação e o diálogo contínuo entre a Psicologia e a Religião, enriquecendo nosso entendimento da natureza humana e da experiência religiosa.

Psi. Alessander Capalbo

Psicanalista e Psicólogo Clínico

Quem sou:

 

Nasceu em 1974 na cidade de Jaboticabal - SP

Ingressou no Seminário Missionário da Arquidiocese de Brasília 02/01/1993

– Ordenado Diácono pela pelo Cardeal Dom José Freire Falcão 02/02/2000

– Foi Ordenado Sacerdote por Cardeal Dom José Freire Falcão 2002 – 2002

- Enviado a Roma para estudo em Teologia moral na “Reginna Apostolorum” 2002

– Pároco (Paróquia Santa Maria dos Pobres) Paranoá – DF 2004 – 2009

– Professor no Seminário Missionário de Brasília (Ministrava Teologia Moral) 2007

- Nomeado Vigário Episcopal de Brasília 2010

– Recebeu o Título de Cidadão Honorário de Brasília – Câmara Distrital de Brasília 2010

– Nomeado Diretor da Rádio Maria do Brasil 2012

– Pediu a suspensão para não exercer as Ordens do Ministério Sacerdotal (por motivos de querer constituir família) 2013

- Dom Sergio da Rocha concede a suspensão a pedido, porém sem motivos canônicos e nem moral. 

Pós Graduado em Ciências da Religião

 

Referencias:

 

  1. Religião, Espiritualidade e Saúde Mental:
  2. Psicologia da Religião:
    • Hood, R. W., Hill, P. C., & Spilka, B. (2009). The Psychology of Religion: An Empirical Approach. Guilford Press.
    • Paloutzian, R. F., & Park, C. L. (Eds.). (2014). Handbook of the Psychology of Religion and Spirituality. The Guilford Press.
  3. Laicidade e Psicologia:
    • Shafranske, E. P., & Malony, H. N. (Eds.). (1996). Religion and the Clinical Practice of Psychology. American Psychological Association.
    • Richards, P. S., & Bergin, A. E. (2005). Handbook of Psychotherapy and Religious Diversity. American Psychological Association.
  4. Personalidade e Religião:
    • Allport, G. W. (1950). The Individual and His Religion. The Macmillan Company.
    • Batson, C. D., Schoenrade, P., & Ventis, W. L. (1993). Religion and the Individual: A Social-Psychological Perspective. Oxford University Press.

 

Consequências possíveis da Separação dos pais, nos filhos



De acordo com a perspectiva de Donald Winnicott, as crianças são altamente sensíveis às dinâmicas emocionais em seu ambiente e às mudanças em suas relações familiares. Aqui está uma análise desses sentimentos e experiências com base em seus pontos mencionados:

  1. Sentimento de abandono: A separação dos pais pode fazer com que uma criança se sinta abandonada, especialmente se ela não compreender completamente as razões por trás da separação. Para lidar com esse sentimento, é essencial que os pais forneçam um ambiente emocionalmente estável e continuem demonstrando amor e apoio à criança.

  2. Sentimento de culpa: As crianças frequentemente internalizam a separação dos pais como sua culpa, o que pode gerar sentimento de culpa. Os pais devem garantir que a criança saiba que a separação não é culpa dela, e que a decisão dos pais não está relacionada a seu comportamento.

  3. Fantasias de reconciliação dos pais: Crianças muitas vezes têm esperanças e fantasias de que seus pais possam se reconciliar. É importante que os pais sejam honestos com a criança sobre a situação, explicando que a reconciliação pode não ser possível, mas que o amor dos pais por ela permanece inalterado.

  4. Agressividade: A criança pode expressar sua agressividade como uma resposta ao estresse e à confusão da separação. Os pais devem ajudar a criança a canalizar esses sentimentos de maneira construtiva, em vez de reprimi-los.

  5. Reorganização edípica: Durante a separação dos pais, a criança pode passar por uma reorganização das relações familiares, o que pode afetar sua compreensão das dinâmicas edípicas. Os pais e cuidadores devem estar cientes dessas mudanças e fornecer orientação e apoio conforme necessário.

  6. Colocação em posição insuprível: É essencial que os pais evitem colocar a criança em uma posição onde ela se sinta responsável por suprir as demandas emocionais deles. Isso pode causar estresse adicional à criança. Os pais devem buscar apoio de adultos para suas próprias necessidades emocionais.

Neste cenário, a empatia, a comunicação aberta e o apoio emocional dos pais desempenham um papel crucial no auxílio à criança durante a separação. Além disso, a consulta com um profissional de saúde mental especializado em psicologia infantil pode ajudar a criança a lidar de maneira mais saudável com esses desafios emocionais.



Psicanalista e Psicólogo Alessander Capalbo


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