A autossabotagem acontece quando, conscientemente ou não, criamos barreiras que dificultam nossas próprias conquistas. Em vez de seguirmos em frente rumo aos nossos objetivos, acabamos dando um passo para trás ou tomando decisões que nos afastam do que realmente queremos. Às vezes, ficamos tão acostumados a esse comportamento que nem percebemos o quanto ele está atrapalhando nosso crescimento pessoal. A autossabotagem pode afetar não só nosso bem-estar emocional, mas também nossa vida social, familiar e profissional, gerando um ciclo de frustração constante. Por isso, entender esse mecanismo é o primeiro passo para superá-lo e encontrar formas de agir de maneira mais positiva e construtiva.
Quando falamos em autossabotagem, é importante lembrar que ela não surge do nada. Geralmente, esse comportamento está ligado a crenças disfuncionais sobre quem somos e sobre o que merecemos. Podem ser pensamentos negativos que nos levam a crer que não somos bons o suficiente ou que nunca conquistaremos algo valioso. Tais pensamentos podem vir de experiências passadas, como críticas constantes, comparações injustas ou fracassos que nos fizeram acreditar que não somos capazes de ter sucesso. Assim, quando surge a oportunidade de crescer, uma parte de nós se sente ameaçada e reage colocando obstáculos, como se fosse melhor estragar tudo antes que alguém o faça por nós.
Um dos sinais mais comuns da autossabotagem é ter uma meta clara, mas agir de forma contrária ao que seria necessário para atingi-la. Por exemplo, a pessoa deseja economizar dinheiro, mas segue gastando sem planejamento. Ou quer um emprego melhor, porém não atualiza o currículo nem busca oportunidades. Em muitos casos, a pessoa tem consciência de que essas atitudes são prejudiciais, mas simplesmente não consegue mudar, pois está presa a um padrão interno que reforça a dúvida ou o medo de fracassar. Nessa dinâmica, a mente se programa para enxergar ameaças em cada passo novo, minando nossa autoconfiança e confirmando a crença de que não merecemos alcançar algo melhor.
Muitas vezes, a raiz do problema está na nossa autoimagem. Se crescemos ouvindo ou internalizando mensagens de que somos inadequados ou incapazes, podemos passar a vida tentando compensar esses sentimentos. Nesse processo, a autossabotagem surge como uma forma de “provar” que não somos dignos de sucesso ou de felicidade, pois, cada vez que algo vai bem, surgem emoções conflituosas que nos fazem recuar. Assim, mantemos uma espécie de coerência com a imagem negativa que temos de nós mesmos. Esse ciclo é muito nocivo, pois nos impede de experimentar o triunfo e de aprender que podemos, sim, superar desafios.
Para identificar a autossabotagem, vale a pena observar situações em que você se sente próximo de uma conquista, mas, por algum motivo, abandona o projeto ou o atrasa deliberadamente. Pode ser que você busque a aprovação das pessoas ao seu redor e, ao mesmo tempo, tenha medo de ser julgado se der certo. Outra forma de autossabotagem é quando você tende a deixar tudo para a última hora, criando uma tensão desnecessária que prejudica a qualidade do que faz. Em todos os casos, há um forte componente de ansiedade que alimenta a dúvida sobre nossas capacidades e, no fim, valida o pensamento de que não damos conta.
Um passo essencial para romper esse padrão é questionar a origem dessas crenças que reforçam a autossabotagem. Pergunte a si mesmo: de onde vem a ideia de que você não é merecedor(a) de sucesso? Quem ou o quê te fez acreditar nisso? Ao refletir sobre essas questões, começa a surgir um caminho de autoconhecimento. É nesse processo que a busca por ajuda se torna valiosa, pois conversar com um psicólogo ou psicanalista pode auxiliar a compreender como esses pensamentos enraizados influenciam suas ações atuais. Profissionais de saúde mental podem oferecer estratégias e ferramentas para mudar esses padrões, fortalecendo sua autoestima.
Além disso, trabalhar a autossabotagem envolve criar novas rotinas e comportamentos que estimulem a autoconfiança. Você pode começar com objetivos menores, que sejam desafiadores, mas alcançáveis. Cada pequeno sucesso ajuda a provar para si mesmo que é possível dar passos maiores. A autocompaixão também é uma peça-chave: evite se julgar com dureza quando algo não sai como o planejado. Em vez disso, encare o erro como parte do aprendizado e siga adiante, relembrando suas capacidades. A mudança de mentalidade pode ser lenta, mas é extremamente recompensadora quando percebemos que estamos vivendo de forma mais alinhada com nossos valores e desejos.
Outro ponto fundamental é prestar atenção nas companhias e nos ambientes que reforçam as mensagens negativas sobre você. Muitas pessoas se cercam de estímulos que mantêm a imagem de fracasso, seja ouvindo comentários desmotivadores, seja evitando lugares onde possam crescer. Ao reconhecer essa dinâmica, podemos escolher ambientes mais saudáveis, onde exista acolhimento e incentivo para aprender coisas novas, seja no trabalho, em grupos de estudo ou atividades de lazer. Sentir-se apoiado favorece a quebra desse ciclo autodestrutivo, pois mostra que há possibilidades de progresso e de reconhecimento.
Desse modo, o caminho para superar a autossabotagem passa pela consciência de que ela existe, pela disposição de rever crenças antigas e pela coragem de se arriscar em mudanças. Não existe uma fórmula mágica ou rápida, pois cada pessoa tem sua história, suas feridas e seu ritmo de transformação. Porém, ao buscar a ajuda de um profissional e ao se permitir pensar com mais carinho sobre si mesmo, é possível transformar esse comportamento em uma oportunidade de crescimento e autodescoberta. Afinal, viver à mercê das próprias inseguranças pode impedir você de encontrar sentido, sucesso e, acima de tudo, contentamento na sua trajetória.
Portanto, se você identificou sinais de autossabotagem na sua rotina, observe seus pensamentos, revise crenças limitantes e procure maneiras de construir uma imagem pessoal mais positiva. Lembre-se de que você não precisa enfrentar tudo sozinho: a ajuda especializada pode fazer diferença na sua jornada. Quando abrimos espaço para curar feridas emocionais e reconhecer nosso valor, avançamos com mais segurança e autonomia. Experimente sair da zona de conforto com pequenos passos e veja como cada conquista, por menor que seja, reforça a ideia de que você é, sim, capaz de realizar mudanças profundas e duradouras. Assim, autossabotagem deixa de ser um obstáculo para se tornar um sinal de que há muito a ser explorado e aprendido.
Psi. Alessander Capalbo
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