domingo, 27 de abril de 2025

Revista Saúde Mental - Tema de Hoje: "Vamos conversar sobre Depressão?"

 

























Um Apelo por Respeito e Responsabilidade (Em pleno 2025 seguimos vendo a banalização dos transtornos mentais).


Transtornos Mentais Não São Tema de Música: Um Apelo por Respeito e Responsabilidade (Em pleno 2025 seguimos vendo a banalização dos transtornos mentais)

Como Psicólogo Clínico e Doutor em Psicologia Psicanalítica, não pude esconder minha profunda indignação ao ouvir a música "Borderline", da dupla Maiara e Maraisa. Em pleno 2025, ainda assistimos à banalização de transtornos mentais e à propagação de estigmas que tanto lutamos para desconstruir. A letra, de maneira irresponsável, distorce o que é o Transtorno de Personalidade Borderline, reforçando preconceitos e desinformação.
O Transtorno de Personalidade Borderline é uma condição séria, caracterizada por intenso sofrimento emocional, dificuldade em regular emoções e manter relações estáveis. Essas pessoas não são “vilãs” nem “loucas”, como a música insinua — são seres humanos que enfrentam batalhas emocionais profundas e que merecem respeito e acolhimento.

A letra apresenta absurdos como:
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"Nem preciso de CRM pra diagnosticar essa loucura" — Desrespeita a complexidade do diagnóstico psicológico e psiquiátrico.
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"Perfil de personalidade borderline" ligado a abusos — Distorce o transtorno e promove a criminalização do sofrimento psíquico.
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"Instável, intenso e extremo" — Reduz uma condição complexa a rótulos simplistas.
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"Você não é remédio de maluco" — Termo pejorativo que reforça a exclusão social e a psicofobia.
Como profissional da saúde mental, afirmo: transtornos como o Transtorno de Personalidade Borderline exigem abordagem séria e ética. Quando figuras públicas tratam desses temas de forma leviana, geram medo, vergonha e afastam ainda mais quem precisa de ajuda.
Saúde mental é um tema que pede responsabilidade, empatia e conhecimento. Não podemos permitir que o sofrimento humano seja transformado em entretenimento raso.
Seguirei lutando para que haja mais respeito, informação correta e acolhimento. Transtornos mentais não são enredos de músicas — são realidades que pedem humanidade.




sábado, 12 de abril de 2025

"Viver Dá Trabalho, Mas Vale a Pena!"



Viver de verdade exige escolhas diárias. É mais fácil seguir no automático, mas isso custa caro: perdemos tempo, energia e sentido. Cuidar da mente, do corpo, estabelecer limites e dizer “sim” ao que importa e “não” ao que desgasta é o começo de uma vida com mais presença.

Sim, dá trabalho. É sair da zona de conforto, encarar mudanças, ter disciplina e paciência. Mas o retorno vem: mais clareza, equilíbrio e propósito.

A vida não precisa ser perfeita, mas pode ser real e significativa.


Posso te ajudar?



Fone e Watssap para agendar a sua sessão online ou presencial: 61 - 99500-0200  


sábado, 5 de abril de 2025

Reflexão sobre a NR-1 - Ir além da letra da lei

 


Já é de conhecimento geral que a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) passou por mudanças importantes, e que agora as empresas têm a obrigação de incluir os riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Muitas organizações, inclusive, já estão se movimentando para atender essa nova exigência e evitar possíveis penalidades.

No entanto, é justamente nesse ponto que mora uma grande preocupação: que essa atualização seja encarada apenas como mais uma tarefa burocrática a ser cumprida, e não como uma chance concreta de repensar e melhorar a forma como o trabalho é organizado e vivenciado no dia a dia.

Por isso, quero propor uma reflexão sobre alguns aspectos essenciais que não podem ser ignorados:

➝ O sofrimento mental ainda é tratado como um problema pessoal.
Muitas empresas ainda enxergam o adoecimento psicológico como algo que pertence unicamente ao colaborador, sem considerar que, muitas vezes, é o próprio ambiente de trabalho que está contribuindo – ou mesmo causando – esse sofrimento.

➝ Fatores como reconhecimento, salário justo e incentivos fazem diferença.
Ignorar esses elementos é fechar os olhos para uma parte significativa do que adoece os trabalhadores. A falta de valorização impacta diretamente na saúde mental.

➝ Situações do passado se repetem, apenas com outra roupagem.
No tempo em que eram mais frequentes, muitos trabalhadores eram culpabilizados por suas doenças. Hoje, vemos o mesmo acontecer com os transtornos psíquicos: a responsabilidade é empurrada para o indivíduo, quando muitas vezes a origem do problema está na forma como o trabalho é estruturado.

➝ Atividades como yoga, Capo-Terapia são bem-vindas, mas não bastam.
Essas práticas podem oferecer algum alívio, mas sozinhas não resolvem. O que realmente pode promover mudanças duradouras é repensar o modo como as tarefas são organizadas e distribuídas, promovendo o que se pode chamar de "ergonomia mental" – um cuidado com a saúde emocional que nasce da estrutura e da cultura organizacional. Necessita de um acompanhamento de um psicólogo, talvez uma vez por mês na empresa, ou até mesmo no atendimento individualizado aos trabalhadores.

Sem dúvida, a nova NR-1 representa um avanço importante na proteção à saúde dos trabalhadores. E como alguém que defende a saúde mental com a mesma seriedade com que se defende o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), vejo essa atualização como uma conquista que já era mais do que necessária.

Mas é preciso ir além da letra da lei. A transformação verdadeira virá quando as empresas passarem a enxergar essa exigência não como um peso, mas como uma oportunidade de evoluir. Valorizar os profissionais, criar ambientes saudáveis e assumir a responsabilidade pelo bem-estar coletivo não é apenas um dever legal – é um compromisso ético.

Se isso não acontecer, continuaremos apenas cobrindo com curativos um problema que exige cirurgia. Ou seja, estaremos apenas disfarçando algo que precisa ser tratado de forma profunda e com seriedade.


Psi.Alessander Capalbo

Dr em Psicologia Psicanalítica